Na Filosofia Sistêmica, que fundamenta a Constelação Familiar, um dos conceitos centrais é a necessidade de “tomar os pais” para alcançar plenitude e sucesso na vida. Mas o que isso realmente significa na prática?
Quando ouvi essa ideia pela primeira vez, estava em um momento difícil. Me diziam: “Pare de tentar mudar seus pais e olhe para sua própria vida”, mas aquilo não fazia sentido para mim. Afinal, como poderia simplesmente aceitar algo que me parecia tão complexo?
Com o tempo, compreendi que tomar os pais não é um ato único, mas um movimento diário—como beber água. É sobre autocuidado, respeito à própria história e um profundo “sim” para a vida.
O Que Significa Tomar os Pais na Prática?
Diferente do que muitos imaginam, tomar os pais não exige uma relação próxima ou idealizada com eles. Trata-se de uma postura interna que se reflete nas pequenas escolhas diárias:
- Cuidar do próprio corpo e bem-estar;
- Nutrir boas relações;
- Engajar-se no trabalho e na vida com presença;
- Concordar com o que foi até aqui e se abrir para outras possibilidades.
Cada vez que fazemos escolhas que nos respeitam, estamos honrando a vida que nos foi dada.
Um Exemplo Simples e Poderoso
Imagine alguém que, há anos, leva uma rotina desorganizada, dormindo tarde, pulando refeições e constantemente exausto. Ele sente que seu corpo está sempre no limite, mas ignora os sinais.
Um dia, escolhe começar a fazer diferente, ajustando pequenos hábitos: estabelece horários fixos para dormir, cria um ritual para desacelerar antes de deitar e passa a se alimentar melhor.
Após algumas semanas, percebe o impacto: mais disposição, mais clareza mental e um bem-estar profundo. Sem perceber, ele fez um movimento essencial: tomou os pais. Respeitou o corpo que recebeu, cuidou dele e assumiu a responsabilidade pela própria vida.
Esse movimento não precisa ser grandioso. Ele acontece nos gestos mais simples, na maneira como nos colocamos no mundo, na aceitação de quem somos e da vida que recebemos.
Na Constelação Familiar, tomar os pais não é sobre perdoar ou esquecer dores do passado, mas sobre reconhecer que a vida veio através deles—e, ao aceitarmos isso, nos fortalecemos.
E você, já percebeu como esse conceito aparece no seu dia a dia?