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Carol Almeida Terapias

As marcas do mito da democracia racial nas famílias brasileiras: uma análise pela perspectiva da psicogenealogia

Na segunda metade do século XIX, enquanto o Brasil tentava se redefinir após a abolição da escravidão, a Teoria Eugenista passou a orientar políticas públicas e alimentar imaginários sociais. Defendia-se, portanto, a ideia de que existia uma “raça superior” — branca, europeia, mais civilizada — e que, por isso, o país deveria adotar o embranquecimento como projeto de nação. Inspiradas nas teorias raciais europeias, as elites brasileiras sustentavam que o progresso nacional dependeria, sobretudo, da imigração europeia, responsável por clarear gradativamente a população.

A pintura A Redenção de Cam, de Modesto Brocos, tornou-se, nesse sentido, símbolo visual desse ideal. A cena — uma avó negra, uma mãe mestiça e um neto branco — ilustra, com clareza, a ideologia do embranquecimento em ação.

Democracia racial: o mito que mascara a violência

Nas primeiras décadas do século XX, esse imaginário originou, por conseguinte, um discurso que se fortaleceu rapidamente: o de que o Brasil havia se tornado uma democracia racial. Na obra Casa-Grande & Senzala, Gilberto Freyre descreveu as relações entre senhores e escravizados como harmônicas, defendendo que a miscigenação criara um povo cordial e unido, livre de antagonismos raciais profundos. Entretanto, essa narrativa ignorava — ou escondia deliberadamente — a violência sistemática, o apagamento cultural, os abusos e a resistência presentes, desde o início, na formação social brasileira.

A partir da segunda metade do século XX, autores como Florestan Fernandes passaram a questionar essa visão. Eles demonstraram, com base em evidências concretas, que se tratava de um mito que, ao se repetir, impedia a sociedade de reconhecer desigualdades concretas, exclusões históricas e a marginalização de negros e indígenas. Além disso, esse mito não ficou restrito às ideias; ele se manifestou nas estruturas sociais e, sobretudo, nas formas de afeto moldadas dentro das famílias brasileiras.

Pensando o racismo como trauma transgeracional

A psicogenealogia entende que traumas históricos não permanecem no passado. Eles se internalizam, repetem e se expressam em sintomas, silêncios e padrões familiares. Tudo aquilo que ninguém elaborou se transforma, inevitavelmente, em padrão. O que não se nomeou, por sua vez, vira crença. A filósofa e psicanalista Lélia Gonzalez denominou os efeitos psíquicos dessa idealização racial como neurose cultural brasileira — uma estrutura coletiva que naturaliza o racismo, silencia violências e transforma desigualdades em rotina.

Essa neurose atravessa gerações e influencia de forma profunda a identidade e os laços familiares. Por isso, proponho, no trabalho psicogenealógico, reconhecer a escravidão e o racismo como traumas transgeracionais e, além disso, investigar como o mito da democracia racial atravessa, silenciosamente, as dinâmicas familiares.

Como o mito da democracia racial se expressa nas relações afetivas

Exploro esse olhar com mais profundidade no artigo Família de todas as cores: desvendando os impactos do mito da democracia racial nas dinâmicas familiares no Brasil, publicado no livro Psicogenealogia: temas e reflexões (2025). Nesse texto, proponho incorporar, ainda, os conceitos de neurose cultural brasileira, de Lélia Gonzalez, e o pacto narcísico da branquitude, de Maria Aparecida Bento, à psicogenealogia. Ambos ajudam a compreender como os privilégios se perpetuam e como as lógicas de pertencimento funcionam, muitas vezes, por meio de exclusão racial.

Essas lógicas surgem disfarçadas de cuidado, conselho ou elogio. Frases como:
– “Ela tem traços finos.”
– “É negra, mas é bonita.”
– “Cabelo liso é mais apresentável.”

…revelam, portanto, crenças internalizadas que associam valor, beleza e dignidade à estética branca. Pactos inconscientes definem quais corpos merecem afeto pleno e quais precisam, portanto, se moldar para caber. Essas ideias se instalam no cotidiano, estruturam expectativas, afeições e até, em muitos casos, as possibilidades de pertencimento.

Curar não é esquecer: é reconhecer e reorganizar

Como escreveu bell hooks: “Embora quisesse conhecer o amor, tinha medo de ter intimidade de fato.” Essa frase recorda que o modo como se aprende a amar nasce de heranças afetivas. Muitas famílias negras e miscigenadas aprenderam o afeto em contextos de escassez emocional, sobrecarga e dureza — especialmente quando o reconhecimento da identidade foi negado ou condicionado.

Reconhecer esses legados não significa reviver a dor como destino, mas, antes, compreendê-la como passagem. Como afirmou Lélia Gonzalez:
“A gente não nasce negro, a gente se torna negro. É uma conquista dura, cruel e que se desenvolve pela vida da gente afora.”

Ao trazer a questão racial para o centro da escuta psicogenealógica, criamos espaço para acolher memórias negadas, afetos distorcidos, silêncios herdados e crenças transmitidas sem consciência. Assim, a identidade se reconecta com a verdade, os vínculos se reorganizam e as relações deixam de se basear em pactos de apagamento para se fundarem, gradativamente, em escolhas conscientes, enraizadas na dignidade e na liberdade de ser. Nesse gesto delicado, persistente e amoroso, começa, de fato, o trabalho de transformação.

Nós trabalhamos cuidadosamente esses e muitos outros temas em nosso atendimento terapêutico. Clique aqui e descubra como podemos acompanhar você nessa jornada.

O III Simpósio Internacional de Psicogenealogia: quando a história familiar encontra o compromisso com a transformação

Entre os dias 28 e 30 de março, em Florianópolis, aconteceu o III Simpósio Internacional de Psicogenealogia, um dos principais encontros dedicados ao campo das heranças transgeracionais. Nesse contexto, reunindo profissionais do Brasil e da França, o evento foi um espaço vivo de escuta, partilha e aprofundamento.

O TEMA DESTE ANO

“Memórias familiares: amores e traumas – Vamos falar de amor?” — propôs um olhar sensível e comprometido sobre o afeto como lugar de transmissão, silenciamento e, também, de transformação.

Durante os três dias, o público teve a oportunidade de dialogar com nomes fundamentais da Psicogenealogia, como Noëlle Lamy, Bruno Clavier, Marie Noëlle, Jean-Philippe Brébion, Vicent de Gaulejac, Pierre Ramaut, Danielle Flaumenbaum, Mônica Justino, entre outros. Assim, foi uma oportunidade potente de troca e aprendizado.

MESA REDONDA

Tive a alegria de integrar a mesa redonda “A complexidade das relações afetivas”, com a apresentação “O mito da democracia racial e suas marcas nas relações afetivas”.

Minha proposta foi refletir sobre como o mito da democracia racial — narrativa criada no Brasil para sustentar a ideia de uma convivência harmoniosa entre diferentes grupos raciais — se infiltra silenciosamente nos vínculos familiares. De fato, ao negar o racismo como estrutura social, esse mito transforma a exclusão em norma, especialmente para pessoas negras de fenótipo mais marcado. Consequentemente, quando essa dimensão não é nomeada nas histórias familiares, o afeto se torna assimétrico, condicionado à negação da identidade.

A partir disso, com base na Psicogenealogia e no conceito de neurose cultural brasileira, elaborado por Lélia Gonzalez, compartilhei um estudo de caso clínico que evidencia como essas marcas se expressam no corpo e nas relações. Além disso, falei também sobre a importância de integrar a questão racial no trabalho com o genossociograma, como forma de ampliar o reconhecimento, reorganizar o pertencimento e criar vínculos mais verdadeiros.

Portanto, participar desse Simpósio foi, para mim, um gesto de responsabilidade com o campo da Psicogenealogia. Trazer a questão racial para o centro da escuta é também contribuir para que essa escuta seja mais ampla, consciente e reparadora.

Por fim, gratidão à organização do evento, às colegas de mesa e a todas as pessoas que compuseram esse encontro.

Clique aqui e veja mais fotos do congresso.

Reconecte-se com sua essência através da sua história

Psicogenealogia, Constelação Familiar e terapias integrativas: caminhos para transformar padrões herdados e viver com mais consciência. É hora de se reconectar com sua essência.

Você já percebeu que certos desafios continuam se repetindo, mesmo depois de tanto esforço para mudar?
Relacionamentos que travam, dificuldades em se posicionar, sentimentos confusos que parecem não ter origem clara.

Na verdade, esses ciclos quase sempre têm uma origem. E, muitas vezes, essa origem não está apenas em você.
Ao longo do tempo, muitas dores, bloqueios e comportamentos são transmitidos dentro do campo familiar. Eles podem nascer de vivências na infância, no momento do nascimento ou até mesmo de traumas herdados inconscientemente de nossos ancestrais.

Por isso, nos atendimentos que conduzo, buscamos olhar para essas histórias com responsabilidade, sensibilidade e presença.
Em vez de apagar o passado, propomos compreendê-lo profundamente — assim, você ganha liberdade para fazer escolhas mais conscientes no presente e abrir novos caminhos para o futuro.


Como funcionam os atendimentos

As sessões duram, em média, de 40 minutos a 1 hora.
No primeiro encontro, é ideal reservar um tempo maior. Dessa forma, conseguimos explorar sua história com mais calma e clareza.
A frequência dos atendimentos pode ser quinzenal ou adaptada conforme as necessidades do seu processo.


Abordagens integradas

Ao longo do acompanhamento, integro diferentes abordagens terapêuticas, escolhidas conforme o momento que você está vivendo e os temas que surgem:

  • Psicogenealogia
  • Exercícios sistêmicos de Constelação Familiar
  • ThetaHealing
  • Reiki
  • Terapia Floral
  • QuantumBeing

Em cada sessão, avalio junto com você qual técnica faz mais sentido naquele momento. Com isso, garantimos um processo mais alinhado às suas necessidades reais.

No caso da Constelação Familiar, a sessão tem um formato próprio, com duração mais longa. Essa abordagem é especialmente recomendada quando há uma questão familiar ou ancestral que precisa ser vista com profundidade.


Modalidades de atendimento

  • Online, para todo o Brasil e também para quem vive no exterior
  • Presencial, em Belo Horizonte

Este é um espaço de escuta ativa, cuidado profundo e transformação real.
Se você sente que é hora de ir além dos sintomas, reconhecer suas raízes e viver com mais consciência da própria história, este caminho pode ser para você.

Agende sua Consulta.

Psicogenealogia: o que é e como influencia sua vida

Embora possa parecer que nossas experiências se originam apenas em nossa história pessoal, elas frequentemente se conectam com camadas mais profundas. Nesse sentido, a psicogenealogia oferece uma abordagem terapêutica que investiga o sistema familiar para compreender, com mais amplitude, como traumas, vínculos e dinâmicas herdadas seguem influenciando silenciosamente nossa vida.


O que é Psicogenealogia?

De maneira geral, a psicogenealogia parte do princípio de que cada pessoa carrega uma herança emocional e psíquica transmitida de geração em geração. Essa transmissão, além de simbólica e afetiva, também pode se manifestar no corpo — por meio de sintomas físicos que não encontram causa médica evidente.

Em outras palavras, mesmo sem termos consciência dos eventos passados, nossas emoções e comportamentos frequentemente ecoam histórias familiares não resolvidas.

Assim, traumas, segredos, perdas e exclusões não elaboradas se repetem como padrões emocionais, sintomas físicos, relacionamentos disfuncionais ou bloqueios existenciais.

Dessa forma, o objetivo da psicogenealogia não é fazer uma leitura linear da história familiar, mas sim investigar a lógica oculta que estrutura a vida emocional dentro da árvore genealógica.


Três movimentos inconscientes estruturam essa transmissão:

1. Projeção

Desde o início da vida, o indivíduo já carrega expectativas: frequentemente, ele é visto como um desejo, uma solução, um substituto ou uma reparação. Portanto, ainda antes do nascimento, ele pode ocupar um lugar simbólico dentro do sistema familiar. Como resultado, essa projeção influencia sua trajetória, impondo pesos e expectativas que não lhe pertencem de forma consciente.

2. Identificação

Durante a infância, somos rotulados, comparados e, muitas vezes, “equiparados” a outras pessoas da família. Nesse processo, herdamos não apenas características físicas, mas também destinos, crenças e conflitos.
Consequentemente, essa identificação — ainda que inconsciente — nos limita, moldando nossa forma de estar no mundo.

3. Repetição

O que permanece sem elaboração tende a se repetir.
Revivemos histórias nos vínculos afetivos, nas escolhas profissionais e nas rupturas.
Como se o sistema, por meio de nossas ações, tentasse completar algo que ficou em suspenso.
Por isso, essas repetições revelam uma lealdade profunda, ainda que silenciosa, às dores e vivências que vieram antes de nós.


A lógica emocional da árvore genealógica

Mais do que um registro de datas e nomes, a árvore genealógica carrega vínculos, memórias e emoções.
Através da psicogenealogia, essa estrutura é vista como um campo simbólico e dinâmico.

Utilizamos o genossociograma — um recurso gráfico que amplia a visão da árvore familiar — para identificar padrões repetitivos, vínculos ocultos e histórias silenciadas.

Além disso, buscamos entender quais emoções ficaram estagnadas, quais perdas não foram elaboradas, e como esses fatores seguem ecoando nos descendentes.

Eventos como abortos, lutos mal resolvidos, mortes traumáticas, falências, exclusões e relações idealizadas influenciam comportamentos e decisões, muitas vezes sem que a pessoa perceba. Por isso, olhar para essas camadas com clareza traz a possibilidade de transformação real.


Para que serve a Psicogenealogia?

A psicogenealogia atua como ferramenta terapêutica para:

  • Interromper padrões repetitivos ligados a lealdades inconscientes;
  • Compreender sintomas emocionais e físicos que não se explicam apenas pela biografia individual;
  • Reconhecer vínculos simbólicos que limitam escolhas ou geram autossabotagens.

Em vez de buscar culpados, o processo convida à responsabilização consciente:
ou seja, nomear o que foi negado, incluir o que foi excluído e devolver ao sistema aquilo que não precisa mais ser carregado.


A Psicogenealogia como caminho terapêutico

Esse trabalho pode fazer parte de um processo terapêutico contínuo ou ocorrer de forma pontual, como uma investigação específica.
Ao construir o genossociograma e escutar com profundidade, é possível identificar padrões emocionais e entender os significados simbólicos das repetições.

Desse modo, reconhecemos o que pode ser liberado e o que precisa ser reintegrado — com presença, consciência e respeito à história familiar.


A herança que podemos transformar

A psicogenealogia mostra que muitas das histórias que vivemos não começaram conosco.
Na verdade, seguimos sentindo dores que não nos pertencem.
No entanto, ao reconhecermos esses padrões, criamos a chance de transformá-los.

Conhecer sua história não significa se prender ao passado.
Pelo contrário, significa se libertar do que não precisa mais ser repetido.
Acima de tudo, é um convite para assumir, com clareza e liberdade, o direito de viver algo novo.

Nós trabalhamos cuidadosamente esses e muitos outros temas em nosso atendimento terapêutico. Clique aqui e descubra como podemos acompanhar você nessa jornada

Constelação Familiar

A Constelação Familiar é uma abordagem terapêutica que permite investigar padrões que atravessam gerações e que, mesmo de forma inconsciente, influenciam comportamentos, escolhas e vínculos.
Nem tudo o que vivemos começou em nós — essa é a base de uma compreensão sistêmica mais profunda.

Você já percebeu que, por mais que tente mudar, certas situações se repetem em sua vida?
Relacionamentos seguem o mesmo roteiro, decisões travam no mesmo ponto, e sentimentos parecem surgir sem uma causa clara?

Um olhar transgeracional sobre a vida

A Constelação Familiar propõe que cada indivíduo faz parte de um sistema maior: sua família.
Nesse sistema, atuam dinâmicas ocultas que, embora não sejam visíveis, afetam profundamente nossos comportamentos e emoções.
Por trás de muitas repetições, existem lealdades silenciosas, exclusões não reconhecidas, inversões de papéis e dores que atravessam gerações.

Essas forças moldam não apenas as relações, mas também as decisões, os sintomas físicos e os estados emocionais.
Como nem sempre conseguimos acessá-las pela razão, é preciso outro tipo de escuta — mais profunda, mais simbólica.

Foi Bert Hellinger quem organizou essa percepção em uma prática terapêutica consistente.
A partir de décadas de observação — especialmente junto ao povo Zulu, na África do Sul —, ele percebeu como o pertencimento, a hierarquia e os vínculos influenciam diretamente a saúde emocional e relacional.

Para integrar esse conhecimento, Hellinger reuniu elementos de terapias como o psicodrama, a Gestalt-terapia e a análise transacional.
Assim, desenvolveu uma abordagem que não busca culpados, mas sim reconhecimento: o reconhecimento do lugar que cada um ocupa na história familiar.


Os três princípios da Constelação Familiar

A técnica se baseia em três princípios sistêmicos universais, presentes em qualquer grupo humano — sobretudo nas famílias.

1. Pertencimento

Todos têm o direito de pertencer.
Sempre que alguém é excluído, ignorado ou esquecido, o sistema responde — muitas vezes através de um descendente que, inconscientemente, tenta compensar essa ausência.

2. Ordem

Existe uma hierarquia natural: os que vieram antes ocupam seu lugar à frente dos que vieram depois.
Quando essa ordem se inverte — como quando filhos assumem o lugar dos pais —, o sistema entra em desequilíbrio.

3. Equilíbrio entre dar e receber

As relações saudáveis se sustentam em trocas justas.
Quando esse equilíbrio se rompe, surgem ressentimentos, afastamentos e conflitos.

A partir da revelação dessas dinâmicas ocultas, a Constelação permite que o cliente compreenda a origem de muitos bloqueios.
Consequentemente, ele passa a fazer escolhas mais conscientes, mais alinhadas com a própria verdade.


Onde a técnica se aplica?

A Constelação Familiar se mostra eficaz em diversas áreas da vida, especialmente quando surgem sintomas persistentes, repetições de padrões ou desconfortos que não se explicam apenas pelas circunstâncias atuais.

Relacionamentos afetivos

Padrões que se repetem, dificuldades em se vincular ou em se separar, vínculos instáveis.

Questões financeiras

Sensação de escassez, dificuldade de prosperar, perdas recorrentes, sentimento de não merecimento.

Conflitos familiares

Rivalidades, distanciamentos, dores herdadas que se manifestam entre gerações.

Trajetória profissional

Bloqueios, falta de reconhecimento, sensação de estagnação ou desconexão com a própria vocação.

Cargas emocionais intensas

Tristeza sem explicação, raiva desproporcional, medos recorrentes e angústias profundas.

Em todos esses casos, a Constelação ajuda a identificar o que o sistema familiar tenta, inconscientemente, reorganizar.
Por isso, ela não se limita a “resolver problemas”, mas oferece um caminho de reconexão e reorganização interna.


Como funciona uma sessão de Constelação?

A Constelação pode ser feita de forma individual ou em grupo.
No atendimento individual, presencial ou online, utilizo recursos como cristais, âncoras espaciais ou visualizações guiadas.
Esses elementos representam simbolicamente os membros da família, permitindo acessar o campo sistêmico com clareza e sensibilidade.

O cliente não precisa contar toda sua história.
Na prática, o campo revela o que está pronto para ser visto — e a intervenção acontece com técnica, precisão e respeito.

Atendo presencialmente em Belo Horizonte e também online, mantendo a mesma seriedade, escuta qualificada e dedicação à transformação real.
Cada sessão é conduzida com ética, cuidado e profundo respeito pela singularidade de cada história.


Um convite à consciência e ao movimento

A Constelação Familiar não é mágica, nem promete respostas definitivas.
No entanto, ela costuma abrir portas que, antes, estavam invisíveis.
Muitas vezes, o que emerge na sessão precisa ser elaborado em processo terapêutico contínuo.
Ainda assim, é um ponto de virada: uma oportunidade de olhar com mais clareza, incluir o que foi excluído e soltar o que não precisa mais ser carregado.

Se você sente que chegou a hora de olhar para sua história com mais profundidade, agende sua constelação.
A transformação começa quando você decide ver — e, com isso, se permite ocupar um novo lugar dentro do seu sistema familiar.

Nós trabalhamos cuidadosamente esses e muitos outros temas em nosso atendimento terapêutico. Clique aqui e descubra como podemos acompanhar você nessa jornada.

Tomar os Pais: O Que Isso Realmente Significa na Filosofia Sistêmica?​

Na Filosofia Sistêmica, que fundamenta a Constelação Familiar, um dos conceitos centrais é a necessidade de “tomar os pais” para alcançar plenitude e sucesso na vida. Mas o que isso realmente significa na prática?

Quando ouvi essa ideia pela primeira vez, estava em um momento difícil. Me diziam: “Pare de tentar mudar seus pais e olhe para sua própria vida”, mas aquilo não fazia sentido para mim. Afinal, como poderia simplesmente aceitar algo que me parecia tão complexo?

Com o tempo, compreendi que tomar os pais não é um ato único, mas um movimento diário—como beber água. É sobre autocuidado, respeito à própria história e um profundo “sim” para a vida.

O Que Significa Tomar os Pais na Prática?

Diferente do que muitos imaginam, tomar os pais não exige uma relação próxima ou idealizada com eles. Trata-se de uma postura interna que se reflete nas pequenas escolhas diárias:

  • Cuidar do próprio corpo e bem-estar;
  • Nutrir boas relações;
  • Engajar-se no trabalho e na vida com presença;
  • Concordar com o que foi até aqui e se abrir para outras possibilidades.

Cada vez que fazemos escolhas que nos respeitam, estamos honrando a vida que nos foi dada.

Um Exemplo Simples e Poderoso

Imagine alguém que, há anos, leva uma rotina desorganizada, dormindo tarde, pulando refeições e constantemente exausto. Ele sente que seu corpo está sempre no limite, mas ignora os sinais.

Um dia, escolhe começar a fazer diferente, ajustando pequenos hábitos: estabelece horários fixos para dormir, cria um ritual para desacelerar antes de deitar e passa a se alimentar melhor.

Após algumas semanas, percebe o impacto: mais disposição, mais clareza mental e um bem-estar profundo. Sem perceber, ele fez um movimento essencial: tomou os pais. Respeitou o corpo que recebeu, cuidou dele e assumiu a responsabilidade pela própria vida.

Esse movimento não precisa ser grandioso. Ele acontece nos gestos mais simples, na maneira como nos colocamos no mundo, na aceitação de quem somos e da vida que recebemos.

Na Constelação Familiar, tomar os pais não é sobre perdoar ou esquecer dores do passado, mas sobre reconhecer que a vida veio através deles—e, ao aceitarmos isso, nos fortalecemos.

E você, já percebeu como esse conceito aparece no seu dia a dia?

Memória, Legado e a Conquista Transgeracional

Ainda Estamos Aqui: Memória, Legado e a Conquista Transgeracional de Fernanda Torres

Conquista Transgeracional. A história de uma pessoa nunca começa nela mesma. O passado deixa rastros, e essas marcas são transmitidas de geração em geração. Muitas vezes, algumas conquistas não acontecem de forma imediata; elas exigem tempo, amadurecimento e, muitas vezes, ultrapassam a vida de quem as sonhou primeiro. Assim, a vitória de Fernanda Torres no Globo de Ouro e no Oscar de Melhor Filme não é apenas um feito individual. Pelo contrário, ela reflete como a memória e o legado familiar moldam trajetórias de maneira profunda e transformadora.

A Conexão entre Mãe e Filha: Conquistas que Transcendem o Tempo

Ao dedicar seu prêmio à mãe, Fernanda Montenegro, Fernanda Torres reforça um princípio essencial: nenhuma conquista é isolada. De fato, há 25 anos, sua mãe esteve naquele mesmo espaço, concorrendo por Central do Brasil. O tempo avançou, mas o caminho trilhado por ambas segue presente, provando que o reconhecimento pode vir tardiamente, mas nunca desconectado da história que o antecedeu. Às vezes, é preciso mais de uma geração para que um sonho se concretize. Isso significa que a continuidade do legado torna a conquista ainda mais significativa, oferecendo uma visão mais ampla de perseverança e conexão.

Lealdade Positiva: Um Legado de Sucesso entre Gerações

A relação entre Fernanda Montenegro e Fernanda Torres vai além do talento. Elas compartilham uma herança emocional e profissional, onde o passado de uma fortalece a jornada da outra. No cinema, no teatro e na televisão, mãe e filha não competem, mas ampliam o legado familiar. Esse exemplo de lealdade positiva, um conceito da psicogenealogia, demonstra como valores e talentos podem ser transmitidos entre gerações de forma saudável e construtiva. Em vez de repetir padrões inconscientes ou carregar o peso da ancestralidade como um fardo, Fernanda Torres integra a história de sua mãe à sua própria trajetória de maneira consciente, criando um vínculo que fortalece a ambas.

Preservando a Memória: A Importância do Registro na História Familiar

Se no cinema a continuidade familiar é evidente, a história de Marcelo Paiva nos lembra que a memória é outro pilar essencial na construção da identidade. Seu livro, que inspirou o filme Ainda Estou Aqui, revisita a história de sua família e a ausência deixada pelo desaparecimento de seu pai durante a ditadura militar. Mais do que um relato pessoal, essa narrativa reflete como as histórias familiares se conectam com acontecimentos históricos maiores. Além disso, preservar essas histórias é fundamental para a construção da identidade individual e coletiva.

A trajetória da família Paiva, assim como muitas outras, carrega as marcas de um passado que não se encerra, mas que pode se ressignificar a cada nova geração. O filme dirigido por Walter Salles transforma esse percurso de dor, silenciamento e ausência em um registro que impede que o passado se apague. Mais importante ainda, fortalece a compreensão de que as lutas de uma geração muitas vezes só encontram respostas na seguinte. Dessa maneira, a memória se torna uma ferramenta vital de transformação e continuidade.

Conclusão: A História Familiar Como Alicerce para o Futuro

Na psicogenealogia, entendemos que nossa história individual está profundamente entrelaçada às vivências de nossos antepassados. O que herdamos vai além de traços físicos ou talentos: carregamos também marcas emocionais, padrões familiares e até destinos interrompidos que, muitas vezes, buscamos ressignificar sem perceber. E, mais do que isso, nossas histórias familiares estão inseridas em um contexto coletivo maior. Cada trajetória individual se cruza com movimentos históricos e sociais que também influenciam o desenrolar das conquistas.

A trajetória de Fernanda Torres é um exemplo claro de como uma conquista pode começar em uma geração e se concretizar na seguinte. Isso não diminui o mérito de quem a alcançou, mas sim reafirma a força da continuidade e do legado. Da mesma forma que sua mãe pavimentou um caminho para que seu talento brilhasse, a família Paiva carrega em sua luta a resistência de uma história que se recusa a ser esquecida. Ambas as histórias demonstram como o passado continua vivo em nós, atravessando gerações e nos convidando a dar novos significados à dor.

No caso da família Paiva, a ressignificação não apaga a violência sofrida nem minimiza a injustiça, mas reafirma a importância da memória como ferramenta de transformação. Dessa forma, memória e legado não são apenas lembranças do que passou, mas forças poderosas que impulsionam o futuro. Enquanto soubermos reconhecer nossas raízes, continuaremos avançando. Ainda estamos aqui, e seguiremos.

Clique aqui e descubra como podemos acompanhar em sua jornada.

O Trauma Transgeracional: A Dor Que Não Começou em Você

Trauma Transgeracional: O Peso Invisível

Miro o corpo diante de mim – tenso, contraído, sustentando um peso que não sei nomear. Primeiramente, os ombros erguidos parecem carregar algo além da rotina pesada. O olhar baixo evita encontros. Além disso, a respiração curta não se aprofunda, como se respirar fosse perigoso. O corpo fala antes mesmo das palavras chegarem.

A voz sai hesitante: “Não sei por que me sinto assim.” No entanto, a história vem antes da explicação. O que se sente hoje pode ter raízes muito mais antigas do que se imagina.

A Dor Que Passa de Geração em Geração

Há traumas que são vividos e lembrados. Porém, outros são vividos e silenciados. Além disso, há aqueles que nunca foram vividos por quem os sente, mas, ainda assim, estão ali, alojados na pele, no comportamento e na memória inconsciente do corpo.

Os pesadelos que se repetem sem lógica. O medo da escassez, mesmo quando nada falta. Ou então, a sensação de abandono, mesmo cercado de afeto.

O trauma transgeracional não precisa de palavras para existir. Ele se infiltra nos gestos, na forma como alguém se encolhe ao falar, na ansiedade que chega sem motivo. Ele se espalha pelas famílias como um eco: o que não foi elaborado antes se manifesta depois.

A avó que sobreviveu a uma guerra, e o neto que sente medo constante, mesmo sem ter vivido uma tragédia. Igualmente, a mãe que nunca chorou a perda que sofreu, e a filha que carrega uma tristeza sem nome. A geração que passou fome, e os descendentes que acumulam, temendo perder tudo.

Não basta esquecer. O que não é visto continua procurando uma forma de existir.

Quando o Corpo se Torna o Mensageiro

O corpo guarda o que a mente não processou. Com isso, ele fala através da insônia que não tem explicação, da tensão que nunca se desfaz e das dores crônicas que resistem a qualquer tratamento.

Portanto, o corpo pede escuta, pede espaço, pede nomeação. Às vezes, os sintomas são a única forma que o trauma encontra para ser reconhecido. Como uma criança que chora até que alguém a acolha.

E talvez, no fundo, seja isso: um pedido de acolhimento. Uma história que quer ser contada para que possa, enfim, descansar.

O Que Fazer Com o Que Herdamos?

Nem tudo o que nos atravessa precisa ser carregado. O trauma pode ser herdado, mas a cura também. Por meio disso, a psicogenealogia nos ensina a olhar para trás sem ficar presos lá. A reconhecer os fios invisíveis que nos ligam ao passado, mas escolher o que queremos continuar tecendo.

Quando nomeamos o que antes era só sintoma, quando contamos a história que ficou suspensa, algo se transforma. O peso nos ombros afrouxa. O peito encontra espaço para respirar.

Assim, aos poucos, o que parecia destino se revela possibilidade. O que parecia um ciclo se abre em caminho. O passado não muda, mas o lugar que damos a ele, sim.

E quando escolhemos olhar, quando decidimos acolher, algo se desata. Por fim, o corpo, enfim, descansa.

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Herança Ancestral: Memórias e Transmissões Invisíveis

Herança Ancestral. Foi por meio da Psicogenealogia que passei a examinar com mais profundidade a linhagem da minha avó Didi. Suas origens são permeadas por lacunas e narrativas fragmentadas, marcas de um passado que se impõe silenciosamente na história familiar.

Seu pai deixou o interior do Rio de Janeiro ainda criança para trabalhar na construção da ferrovia. As circunstâncias desse deslocamento permanecem obscuras: não se sabe ao certo se foi entregue, vendido ou se fugiu. O que é certo é que chegou a Minas Gerais e ali construiu sua trajetória como operário da Rede Ferroviária.

A mãe dela, minha bisavó, foi parteira e teve dois filhos. Faleceu jovem, antes de alcançar a idade que tenho hoje. Ao revisitar documentos familiares, descobri que carrego também o nome da avó dela: Margarida Carolina. Ela foi registrada assim, sem sobrenome, um dado que por si só revela muito sobre as dinâmicas de apagamento que atravessaram a história das mulheres da minha família. Meu pai, ao ver a certidão de nascimento, ficou surpreso – nunca havia notado essa coincidência. Mas as transmissões inconscientes são uma constante nos sistemas familiares, operando além da nossa percepção imediata.

O Espaço da Memória e as Narrativas da Infância

Nasci na casa da minha avó e, durante boa parte da infância e adolescência, transitei por aquele espaço como quem ocupa um território de afeto e pertencimento. No entanto, não tive a oportunidade de conhecê-la enquanto sujeito para além dos papéis sociais que lhe foram impostos.

Durante muito tempo, incomodava-me ouvir que eu me parecia com ela. Hoje, compreendo melhor a razão desse desconforto. Minha avó viveu em um tempo que limitava a expressão feminina, e ainda assim encontrou maneiras – muitas vezes subversivas – de dar forma ao que a atravessava. A perspectiva mudou: o que antes soava como um fardo, hoje reconheço como um traço de resistência, um legado que não se limita à carga genética, mas se manifesta em gestos, escolhas e impulsos que moldam minha própria trajetória.

Minhas recordações infantis são marcadas por noites em que, ao lado dos primos, ouvíamos suas histórias sobre o caboclo d’água. Ela não as contava como ficção – reivindicava sua descendência desse ser mítico. Mais tarde, compreendi que essas narrativas eram, na verdade, relatos codificados sobre nossos antepassados, fragmentos de uma cultura ancestral que resistiu à erosão do tempo.

Legados Invisíveis e os Caminhos do Desejo

Minha avó foi uma presença transgressora na minha infância. Era ela quem, às escondidas do meu pai, me concedia pequenos luxos: cachorro-quente, chocolate, voltas intermináveis no trenzinho da alegria. Esses momentos furtivos de cumplicidade desenhavam um outro tipo de transmissão, mais sutil, mas igualmente estruturante.

Embora não tenha lembranças precisas sobre quem me preparava para a escola, há uma cena gravada na memória: ela me levando ao seu quarto, passando batom e perfume em mim – e no meu cabelo –, enfatizando que era fundamental ir para a escola bonita e cheirosa. Minha avó não abria mão de certos símbolos de feminilidade: o batom vermelho e o esmalte impecável eram quase uma assinatura.

Engravidou cedo, casou apaixonada, teve filhos ainda muito jovem. Mas será que tinha desejos que transcendiam o casamento e a maternidade? Será que vislumbrava outros caminhos possíveis para si? Essas perguntas permanecem sem resposta.

Ela não me viu concluir os estudos, tampouco testemunhou minhas escolhas profissionais. Ainda assim, reconheço sua presença em aspectos que ultrapassam a linearidade do tempo. Dela, não herdei apenas o nome, a cor e as dores.

Herdei a capacidade de insurgência.
Herdei a força que resiste ao silenciamento.
Herdei a conexão visceral com a natureza e o ímpeto por liberdade.

E é nesse reconhecimento que me encontro.

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